Menos de 30 passos separam os principais poderes municipais de Rosário do Sul: a Câmara de Vereadores e a prefeitura. Porém, há uma barreira quase que intransponível entre o Executivo e o Legislativo. Do casarão antigo, que abriga a sede da prefeitura, despacha Luis Henrique Antonello (PMDB), que, no ano passado, chegou a ser cassado com o voto de 12 dos 13 vereadores.
Ao lado da prefeitura, a menos de 20 metros, está a moderna sede do Legislativo. Ali, todos os parlamentares fazem coro de contrariedade à gestão de Antonello. Além disso, o atual prefeito também rompeu com sua vice Zilase Jobim Rossignolo (PTB) e o partido dela.
A situação inusitada é assunto recorrente nas rodas de conversas entre os moradores do politizado município de quase 40 mil habitantes. O Diário esteve na Fronteira Oeste e conversou com os personagens desta trama que traduz bem o que já dizia o ex-governador José de Magalhães Pinto (1909-1996): a política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.
A queda de braço permanente entre o prefeito e a Câmara é marcada por muito vaivém. No final do ano passado, Antonello, que está em seu primeiro mandato, teve de deixar o comando do Executivo após uma CPI do Legislativo, que investigou supostas irregularidades na dispensa de licitação para contratação de empresa que prestou serviços de software de gestão ao município.
Tanto à época quanto agora, o prefeito diz ser vítima de uma armação política. Atualmente, a Câmara tenta, pela segunda vez, cassar o mandato dele. Mas, o clima tenso entre as duas Casas nem sempre foi predominante. Quando assumiu em 2009, Antonello tinha cinco vereadores do bloco governista. Hoje, todos se declaram oposição. Os vereadores afirmam que a coligação que o ajudou a elegê-lo só teve validade até a contagem de votos. Após isso, o prefeito virou as costas aos partidos.
Não governo por meio de troca de cargos diz o prefeito.
Vice teve gabinete transferido para ex-presídio
A vice-prefeita do município, Zilase Jobim Rossignollo, parece saber lidar bem com os altos e baixos que a política lhe proporciona. No final do ano passado, ela assumiu o comando do Executivo por quase duas semanas após o impeachment de Antonello. No primeiro dia à frente do governo municipal, a surpresa: uma prefeitura deserta. 
Não havia ninguém para nos receber, nem o pessoal do gabinete do prefeito nem secretários. Era uma ausência quase que total de funcionários. Não deixaram as senhas dos computadores, não encontramos as atas de reuniões recorda.
Após o retorno de Antonello à prefeitura, por meio de uma liminar na Justiça que garantiu que reassumisse, a vice-prefeita vive uma nova realidade.